COMECEI FALANDO APENAS DE MITOLOGIA, AGORA AMPLIEI OS HORIZONTES: GENEALOGIA, EVOLUÇÃO, IDÉIAS, ETC
sexta-feira, 8 de setembro de 2006
Mitologia 5. O significado da palavra Brasil
Esta ilha era conhecida como o país onde vive o Grande Rei do Mundo, Breasal, daí o seu nome, Breasail, que significa "de Breasal".
Breasal (arcaico Bresual) vem do irlandês bress "luta, batalha" (Proto-Indoeuropeu *bhreiH
"quebrar") + Céltico *ual-os (PIE *wel-) "poder, força", assim,*Brestoualos,
"força da batalha"
quinta-feira, 3 de agosto de 2006
4. A origem do termo Varna
Traduzido do texto original em
http://www.bharatvani.org/books/ait/ch48.htm
O termo varn.a é entendido no sânscrito clássico como “cor”, assim explicado como uma referência às cores simbolicamente atribuídas às três “qualidades” cosmológicas (gun.a):o branco corresponde a sattva (claridade), o vermelho a rajas (energia) e o negro a tamas (escuridão), seguindo o padrão de dia claro, crepúsculo avermelhado e noite escura. Da mesma forma, às diferentes funções no espectro social são atribuídas uma cor equivalente: os subalternos (ta:masika) Shudras são simbolicamente “negros”, os heróicos (ra:jasika) Kshatriyas são “vermelhos”, e os amantes da verdade (sa:ttvika) Brahmans são “brancos”; além do mais, os empreendedores Vaishyas são considerados como tendo uma mistura de qualidades, e são aquinhoados com a cor amarela. Este sentido de “cor” não tem nada a ver com a cor da pele, como é evidente pelo mesmo deste código de cores entre os povos germânicos de raça branca.
Além disso, “cor” não parece nem ter sido o sentido védico original de varn.a. Hindus reformistas ávidos em desembaraçar a instituição do varn.a de qualquer doutrina de determinismo genético, derivam-na da raiz var-, “escolher” (como em svayamvara, “a própria escolha (por uma garota de seu marido)”), com a implicação de que o varn.a de cada um não é uma questão de nascimento, mas de escolha pessoal. Isto parece concordar com a interpretação de Stanley Insler, em sua clássica tradução do Gathas of Zarathustra, do termo corresponde em avéstico varana: como “preferência” (que outros tradutores às vezes preferem ler como “convicção”, “afiliação religiosa”). Mas nós acreditamos que o significado da raiz é ainda mais simples.
No R.g-Veda, a palavra varn.a geralmente (17 entre 22 vezes) refere-se to the “resplendor” (i.e. “a luz própria”, uma significado obviamente relacionado a “cor”) de deuses específicos: Usha:s (a Aurora), Agni (o Fogo), Soma, etc. E nos casos restantes, en 3:34:5 e 9:71:2 ele indica a cor resplandecente do céu da alvorada. Em 1:104:2 e 2:12:4, refere-se apenas a sufocar o varn.a dos Da:sas, - significando “o resplendor dos Dasas” (no primeiro caso, Ralph Griffith traduzi como “a fúria de Da:sa”). Finalmente, no hino erótico 4:179, verse 6, onde Agastya, ao fazer o necessário com sua esposa Lopamudra para obter sua descendência, é dito satisfazer “ambos varn.as”, o que pe entendido por alguns como referindo-se a ambas famílias do marido e da esposa, que rejubilam-se com a chegada de um neto. Visto que o hino menciona o conflito entre sexualidade e ascetismo outros interpretam como significando “ambos caminhos (mundano e de renúncia)”. De qualquer forma, não há como ler algo de fundo racista neste termo.
Todavia, como forma de argumentar, vamos assumir que algumas das referências acima a “cor” ou “negritude”sejam realmente sobre tribos vizinhas de pele escura. Isto não provaria necessariamente que os povos de pele mais clara fossem invasores. Na mesma latitude, e essencialmente com o mesmo clima, o povo da Mesopotâmia era predominantemente branco; a presença de brancos no noroeste da Ìndia pode ser explicado pelos mesmos fatores de sua presença na Mesopotâmia e não requerem necessariamente uma invasão. Nem provariam que os arianos védicos eram racistas: não há a menor suspeita de que na vasta literatura védica as tribos de “pele escura” eram tratadas como inimigas por causa de sua cor, nem que existisse uma doutrina de discriminação pela cor. Apenas é dito que esses “demônios” prejudicavam a adoração dos deuses, daí os arianos terem que defender sua cultura deles.
Quando lidos em seus contextos védicos específicos, os termos que nós discutimos não encaixam no cenário “Arianos brancos atacando Dasas negros”. A grande maioria dos conflitos descritos tanto nos Vedas como nos Puranas são entre diferentes tribos e reis dos Árias. Uma visão mais acurada dos antigos textos indianos não revela nada sobre imigração. De fato, mesmo que haja a menção entre uma guerra entre “brancos” e “negros”, isto não necessariamente prova que houve uma imigração.. Do Pashtunistão e Caxemira para o sul, a cor de pele muda rapidamente de quase branco para quase negro; para um observador racista, uma guerra entre duas tribos poderia facilmente se parecer com uma guerra entre “brancos” e “negros” mesmo que nenhuma tribo tivesse invadido o subcontinente indiano.
domingo, 23 de julho de 2006
3. As Horas (Hôrai)
As HORAS
Segundo a Teogonia de Hesíodo, as filhas mais velhas de Zeus nasceram de seu casamento com sua segunda esposa Themis. Eram elas as três deusas Hôrai ( singular Hôra). Em grego antigo hora significava “estação”, um nome derivado do indo-europeu *ye:r- / *yo:r-, cognato do inglês year e alemão jahr “ano”, russo jara “primavera” e persa antigo ya:re “ano” e ya:irya “colheita”. O nome das três Horas variava segundo as fontes, pois Hesíodo fala de Eunomia “Ordem”, Dikê “Justiça” e Eirênê “Paz”, mas em Atenas eram chamadas de Auxô “Crescimento”, Thallô “Floração” e Karpô “Fruto”.
Em épocas mais tardias, Hora mudou seu significado, de “estação” para o de “divisão do dia”, a partir o significado atual de “hora”, que chegou até as línguas modernas européias.
As Hôrai eram concebidas como divindades do ciclo da vegetação, embora os nomes hesiódicos às associem à ordem e estabilidade social, o que é coerente com a função de sua mãe, Themis, a Justiça Divina. Suas funções no Olimpo eram a de vigiar as portas do palácio celeste, e desatrelar os carros de Hêra e do Sol. Junto com as Kharites figuravam no cortejo habitual de Dionysos e de Aphroditê. Teriam sido elas que vestiram e enfeitaram a Deusa do Amor quando esta pisou o solo do Chipre. Outras lendas as consideram como as babás da pequena Hêra. Estas duas últimas histórias são inconsistentes com a coerência cronológica da Teogonia de Hesíodo, segundo a qual Aphroditê surgiu da castração de Urano, portanto antes de Zeus nascer, não podendo elas serem mais velhas que Hêra.
Na mitologia grega é um tema comum o de trindades femininas, um reflexo da poderosa Tripla Deusa, a Grande Mãe dos cultos pré-históricos de fertilidade. Assim como as Hôrai, temos as Kharites, as Thriai, as Mousai, as Hesperides, as Moirai, as Gorgones e muitas outras. Talvez as Hôrai não passassem de um aspecto tríplice e juvenil de sua própria mãe Themis.
quinta-feira, 20 de julho de 2006
2. A palavra Deus
Deiwos: A origem da palavra Deus
Qual o significado original da palavra Deus? O termo, usado em português, tem equivalentes nas outras línguas neolatinas, como o espanhol Dios e o francês Dieu, e todos remontam ao latim deus.
O latim pertence a Família Indo-Européia, da qual fazem parte também o grego, as línguas germânicas, as línguas balto-eslavas, o armênio, o hitita, o sânscrito, as línguas celtas e o persa, dentre outras.
O estudo comparativo destas línguas permitiu reconstruir uma protoforma que constituiu a fonte do latim deus. Esta palavra, reconstruída (como não tem uma forma escrita atestada, é representada por um asterico) como *deiwos ou *deiHwos. Esta forma proto-indo-européia explica o sânscrito deva, o gaulês devos, o irlandês dia, dé, o germânico Tiuz, anglo-saxão Tiw (o deus que dá nome à terça-feira em inglês, Tuesday), nórdico Týr, o persa avéstico daevo, o lituano Dievas.
A palavra *deiHwos teria o significado original de “luminoso, brilhante”, pois é derivado da raiz *deiH- “brilhar”, donde vem também o latim dies “dia” e o nome indo-europeu do deus do céu, *Dye:us (donde o grego Zeus, o latim Ju:/piter, o indiano Dyaus).
O termo é portanto largamente atestado entre as línguas indo-européias, com a curiosa exceção do grego. A palavra theos, embora superficialmente semelhante à raiz *deiwos, é geralmente interpretado como significando originalmente “espírito”, de um radical indo-europeu *dheu-. E no avéstico, a língua na qual foi escrita o Avesta, atribuída a Zarathustra, devido à reforma religiosa zoroastriana, ganhou um significado invertido, pois daevo significa “demônio”.
notas:
O proto-indo-europeu, língua à qual pertencem as formas hipoteticamente reconstruídas, será sempre abreviado como PIE.
Devido ao grande número de alfabetos e notações que usam as diversas línguas, preferi adotar o critério usado em muitas mail lists de lingüística, representando vogais longas por um (:), ou seja, em vez de ā, a: ; e diacríticos por um ^. Assim s^ representa a letra š.
1. A origem das Amazonas
A ORIGEM DAS AMAZONAS
Qual seria a origem da lenda das amazonas, as mulheres guerreiras? Seriam um povo real? Seriam apenas mulheres míticas? Seria algum tipo de criatura feminina mitológica?
1) Amazonas
As Amazonas aparecem nos mitos gregos sempre como adversárias de heróis. Theseus de Atenas enfrenta-as numa grande guerra. Herakles derrota-as para conseguir o cinturão de Hippolyta, que teria pertencido a Oiolyka, filha de Briareos.. Bellerophontes vence as guerreiras em suas aventuras asiáticas. O túmulo da Rainha Myrina ou Bathyaia (seu nome “humano”) é citado na Ilíada, onde ela aparece como esposa de Dardanos. Diodoro Sículo fala de lendas evemeristas sobre guerras envolvendo as Amazonas líbias, as Górgonas e os Atlantes.
2) Haliai
Um grupo de mulheres furiosas, “As Marinhas ou Salgadas”, que vindas do mar seguiam Dionysos. Foram mortas por Perseus, e seu túmulo estava em Argos.
3) Danaides
São as cinqüenta filhas do egípcio Danaos, que mataram seus respectivos maridos e foram para Argos. Apenas uma delas, Hypermnestra, recusou-se a matar seu par, Lygkeus, que matou as outras irmãs, e elas encontram-se no Inferno.
4) Mainades
Eram as mulheres selvagens que seguiam Dionysos. Uns dizem que as primeiras delas foram as ninfas que cuidaram do infante Dionysos. Num episódio são desbaratadas pelo trácio Lykourgos. Dionysos foge e vai refugiar-se entre as Nereides.
5) Nereides
São cinqüenta ninfas marinhas, que segundo os contos órficos teriam sido as amas do pequeno Dionysos. É curioso notar que duas das filhas de Kadmos, Autonoe e Agaue, são homônimas de duas nereides, enquanto a terceira das filhas, Ino-Leukothoe transformou-se numa deusa marinha. Kadmos viria do semítico qadm “oriental, primeiro”, assim como Proteus “primeiro”. Proteus seria outro nome de Nereus, o pai das Nereides. Tanto Proteus como Kadmos estavam associados à Fenícia, e a esposa de Phineu (irmão de Kadmos), Idotheia, aparece às vezes como filha de Proteus, ora como de Kadmos. Kadmos parece ter incorporado elementos do Ba’al fenício, transformando-se num típico herói-matador-de-dragões. O próprio Dionysos eram filho de Semele, portanto neto de Kadmos.
6) Nysai
São as amas do pequeno Dionysos. Os antigos já levantavam várias hipóteses sobre suas identidades, associando-as às Nereides, às filhas de Kadmos e às Hyades. Um paralelo com o nórdico Heimdallr, filho de nove gigantas do mar? Se Dionysos é associado a bodes e carneiros, Heimdallr é associado ao carneiro. Dionysos a golfinhos, Heimdallr a focas.
7) Lemniades
Eram as mulheres da ilha de Lemnos. Uma maldição fê-las matar todos os homens das ilhas, com exceção de Hypsipyle, que salvou o próprio pai. Os 50 Argonautas salvaram-nas da maldição. Eram, pois, mulheres do mar. A mãe de Hypsipyle chamava-se Myrina.
8) Endymionides
Eram as cinqüenta filhas de Endymion e Selene, a Lua. Seu local de nascimento é citado ora como a Cária, na Ásia Menor, ora como a Élida, na Grécia Ocidental.
9) Thespiadai
Eram as 50 filhas do rei Thespios. Herakles deitou-se com todas, uma por dia, enquanto caçava o Leão de Cíteron. Teriam sido primitivamente Amazonas guerreiras subjugadas?
10) Proitides
Três irmãs argivas, filhas de Proitos ou de Megapenthes, que foram enlouquecidas por Dionysos e curados pelo mântico Melampous.
11) Referências geográficas
Havia duas origens geográficas, com grupos de tradições distintas. A tradição meridional, vinda da África, falava das Amazonas como mulheres guerreiras do Egito, Líbia ou Hespérides. Parecia estar baseadas nas sacerdotisas guerreiras da Líbia, possivelmente adoradoras da deusa Neith (Nt). A tradição setentrional, vinda da Ásia, normalmente associava as Amazonas à Trácia, Cítia ou Anatólia. Descobertas arqueológicas parecem indicar uma ligação com o povo nômade dos sármatas das estepes ucranianas, cujas mulheres guerreravam junto com os homens.
12) Etimologia
Os gregos faziam um jogo de palavras com amazon, explicando como a-mazos, “sem seio”, referência a uma suposta mutilação de um dos seios para facilitar o manejo do arco. Outros derivam amazon do armênio amis “lua”, e zon “mulher”. Também poderia-se comparar com o egípcio am- “devorar”.
13) Conclusões
As amazonas parecem ter sido em sua origem, seres míticos. Um grupo de cinqüentas mulheres guerreiras e selvagens, aquáticas, servindo a Dionysos ou Ares, filhas da Lua. Entravam em conflito com um herói.