José Pinto Ramires, natural de Laguna, SC, filho caboclo do português José Pinto Bandeira e da índia carijó de Paranaguá Inocência Ramires, foi casado com Bernarda Gonçalves de Aguiar, curitibana, filha de Antônio Álvares Martins e Luzia Gonçalves (de Moura ou Aguiar). Tiveram pelo menos 7 filhos, nascidos entre os anos de 1750 (aproximadamente) e 1770, nas cidades gaúchas de Viamão, Rio Pardo e Encruzilhada.
No entanto, sempre me intrigou o fato da primogênita do casal, Ana Joaquina Bonifácia, ser natural e batizada na Sé de São Paulo, segundo consta de registros paroquiais de seu casamento em Triunfo. Por que um homem vindo de Santa Catarina, casado com uma paranaense, e filhos no Rio Grande do Sul teria ido para São Paulo se casar. O enigma perdurou por muitos anos, até que com a ajuda de um genealogista amigo residente em São Paulo, Vítor de Souza Oliveira, no ano passado localizou na Catedral de São Paulo a habilitação matrimonial do dito casamento, datada de 14 de maio 1750, mas sem poder consultá-la, devido ao volumoso processo (mais de 40 páginas).
Este ano, pesquisando no CHF de Vila Isabel, tive acesso aos microfilmes de índices das ditas habilitações, consultadas então pelo amigos genealogistas Dalton Almeida e Eliana Quintella Linhares, e localizei o casamento, e encomendei o microfilme.
Anteontem tive acesso ao processo, e minha intenção principal era descobrir algo a mais sobre o pai de José, já que não consegui localizar seu batismo em Valongo do Porto, além de confirmar o local de realização do casamento.
De fato, não descobri nada a mais sobre o José Pinto Bandeira, mas o grande volume de documentos ajudou-me a conhecer mais sobre os acontecimentos que explicam o tal casório na Sé paulistana. Provavelmente não terei tempo nem paciência para transcrever toda a documentação, mas consegui extrair os dados que julguei fundamentais.
Em suma, José Pinto Ramires raptou Bernarda em Curitiba, e fugiu para Viamão, onde se instalaram. O pai de Bernarda, acompanhado de seus filhos e cunhados, seguiu ao encalço do casal, com "ânimo de vingança" pelo seqüestro de sua filha caçula. José, que havia escondido sua "noiva" na casa do Coronel Francisco Pinto do Rego, partiu com ela para São Paulo onde foram casar para assim livrar-se da fúria paterna. O casamento foi feito, mas devido à falta de documentos necessários devido à pressa necessária, pelo que entendi, houve uma série de pagamentos de provisões, e a anexação futura de documentos e certidões necessárias. Numa delas, José Pinto Ramires alega que em Laguna chegou iniciar um processo de casamento com Ana Guterres, filha de Agostinho Guterres, mas que por ter sido rejeitado por ela, não levou-o adiante. Estava assim livre e desimpedido para executar o casamento.
Segue abaixo trecho ipsis litteris de um dos documentos anexos aos processo:
Este ano, pesquisando no CHF de Vila Isabel, tive acesso aos microfilmes de índices das ditas habilitações, consultadas então pelo amigos genealogistas Dalton Almeida e Eliana Quintella Linhares, e localizei o casamento, e encomendei o microfilme.
Anteontem tive acesso ao processo, e minha intenção principal era descobrir algo a mais sobre o pai de José, já que não consegui localizar seu batismo em Valongo do Porto, além de confirmar o local de realização do casamento.
De fato, não descobri nada a mais sobre o José Pinto Bandeira, mas o grande volume de documentos ajudou-me a conhecer mais sobre os acontecimentos que explicam o tal casório na Sé paulistana. Provavelmente não terei tempo nem paciência para transcrever toda a documentação, mas consegui extrair os dados que julguei fundamentais.
Em suma, José Pinto Ramires raptou Bernarda em Curitiba, e fugiu para Viamão, onde se instalaram. O pai de Bernarda, acompanhado de seus filhos e cunhados, seguiu ao encalço do casal, com "ânimo de vingança" pelo seqüestro de sua filha caçula. José, que havia escondido sua "noiva" na casa do Coronel Francisco Pinto do Rego, partiu com ela para São Paulo onde foram casar para assim livrar-se da fúria paterna. O casamento foi feito, mas devido à falta de documentos necessários devido à pressa necessária, pelo que entendi, houve uma série de pagamentos de provisões, e a anexação futura de documentos e certidões necessárias. Numa delas, José Pinto Ramires alega que em Laguna chegou iniciar um processo de casamento com Ana Guterres, filha de Agostinho Guterres, mas que por ter sido rejeitado por ela, não levou-o adiante. Estava assim livre e desimpedido para executar o casamento.
Segue abaixo trecho ipsis litteris de um dos documentos anexos aos processo:
Dizem Jozeph Pinto Ramires e Bernarda Gonçalves, natural aquelle da freg.a de Laguna e f.o legitimo de Jozeph Pinto Bandr.a e de sua m.er Innocencia Ramires e esta natural da freg.a de Corytuba e f.a legit.a de Antonio Alvres Martins e de sua m.er Luzia Glz de Aguiar que sendo ella supp.te Raptada pelo supp.te de caza de seus Pays vierão ambos em comp.a p.a esta cid.e onde existem com animo e vontade de se cazarem, e com effeito logo em seu sequito veyo o Pay e irmãos da supp.te [1] com animo de vingança, e também alguns cunhados, q todos são homens temerarios, e se achão no alcance dos supp.tes por cuja cauza corriam m.to Risco as suas vidas: e por que não tem duvida em se cazarem p.a assim cessar, e são de freg.as Remottas das (...) com a brevid.e q o cazo pede não podem alcançar seos pais correntes querem os supp.tes justificar perante (...) o perigo de vida em q se achão, e outro sim serem am[bos] soltr.os, livres e desimpedidos sem impedim.to algum can(...)
[1] Os irmãos de Bernarda eram Sebastião (caso vivo na época, teria 34 anos), Inácio (se vivo, com 30 anos), Antônio Álvares de Aguiar (com 28 anos, já casado), Francisco Álvares de Oliveira (com 22 anos, casou em junho de 1750 em Curitiba) e José Álvares de Aguiar (com 21 anos); os cunhados seriam Manuel dos Santos (esposo de Maria Lopes de Aguiar), João Aires de Aguirre (casado com Leonor Gonçalves de Oliveira), Nicolau Pais da Silva (casado com Luzia Gonçalves de Aguiar)
[1] Os irmãos de Bernarda eram Sebastião (caso vivo na época, teria 34 anos), Inácio (se vivo, com 30 anos), Antônio Álvares de Aguiar (com 28 anos, já casado), Francisco Álvares de Oliveira (com 22 anos, casou em junho de 1750 em Curitiba) e José Álvares de Aguiar (com 21 anos); os cunhados seriam Manuel dos Santos (esposo de Maria Lopes de Aguiar), João Aires de Aguirre (casado com Leonor Gonçalves de Oliveira), Nicolau Pais da Silva (casado com Luzia Gonçalves de Aguiar)
Lembrou-me aquele caso relatado pelo Monsenhor Neis no 'Guarda Velha de Viamão' (cap. XV - Um Casamento Romântico), sobre o seqüestro (no caso, seqüestro realizado a pedido da justiça) de Margarida da Exaltação Cruz para casar com Inácio José de Mendonça. Curioso que nesse outro processo ficou a futura noiva "depositada" na casa do irmão de Ana Guterres: meu antepassado Cláudio Guterres.
ResponderExcluirJSL!
ResponderExcluirSó vi agora.
Fico contente com a sua citação.
Forte abraço,
Vitor de Souza Oliveira
vitorsoliveira@yahoo.com.br
Fiquei muito feliz em saber desta história. O casal em questão são meus octavós. Agradeço o trabalho, pesquisa e compartilhamento.
ResponderExcluirTambém são meus ancestrais.
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