Apenas de seu vasto poder, a deusa Hekatê não era incluída no primeiro escalão do Olimpo. Seu nome significaria “a distante”, o que também era um epíteto da deusa Artemis. Entretanto, o mais provável é que seu nome não seja de origem grega, e existe uma possível ligação com a egípcia Heqet, uma deusa-rã que tutelava a gravidez e o nascimento.
Na genealogia de Hesíodo ela é a filha dos titãs de segunda geração Persês (filho de Kreios e Eurybia) e Asteria (filha de Koios e Phoibê). Hekatê, seria assim, prima-irmã dos gêmeos Apolo e Artêmis. Uma tradição local da Tessália a considera fruto da união de Zeus e Phêraia, que era filha de Aiolos, o epônimo dos eólios. Algumas versões paralelas a descrevem como filha de Zeus e Hera e mensageira dos deuses, o que parece identificá-la com Iris, enquanto outras consideram-na filha da Noite. A associação com tochas e sua função de mensageira remetem a uma comparação sugestiva com a deusa do sol Shapash, mencionada nas tabuletas de Ras Shamra como a mensageira do deus Ba'al na Mitologia Ugarítica (uma versão mais primitiva da religião fenícia). Shapash carrega tochas ardentes simbolizando seu papel de deusa solar, e a este grupo de deusas eu incluiria Hestia, deusa do fogo doméstico, irmã de Zeus, mas com um papel relativamente pequeno e secundário nos mitos gregos. Talvez Hestia, Hekate e Iris fossem três aspectos diferentes de uma mesma deusa original, que com o tempo acabaram virando personificações independentes.
Os hinos religiosos dos seguidores de Orpheus ressaltam seus aspectos benevolentes e protetores. No Hino Órfico no.1 ela é chamada pelo seu epíteto Prothyraia “a deusa das portas”, louvada como tutora das mulheres, velando pelos casamentos e nascimentos, e guardiã das crianças. Os orfistas a identificavam com Artemis e Eileithyia.
Hesíodo lhe consagra um hino, pois a família deste era devota da tripla deusa. No hino, a deusa é invocada como rainha do céu, da terra e do inferno. Aconselha o reis, acompanha as assembléias, traz a vitória aos guerreiros, traz fartura (mas também escassez, se insatisfeita) ao camponês, ao pastor e pescador, protege as crianças. A deusa tripla IE. Outros povos indo-europeus também veneravam uma deusa tripla com poderes difundidos pelas três funções da sociedade: Justiça/Magia, Guerra e Produção.
No episódio do rapto de Persephonê, Hekatê aparece como uma das companheiras e ajudantes de Dêmêtêr em sua busca. Graças à sua ajuda, Hekatê foi consagrada como ministra e companheira de Perséfone.
O decorrer do tempo acabou transformando-a em deusa das bruxas, andarilha errante dos trívios (encruzilhadas de três caminhos), acompanhada por um séquito de fantasmas e cães ululantes. Na sua forma monstruosa era representada com três cabeças animais, fosse de égua, cadela e porca ou de vaca, leoa e cadela. Carregava em suas mãos tochas ardentes, mas em suas estátuas triplas também víam-se espadas, chicotes e chaves.
Brimô, a rugidora noturna, era uma deusa de características lunares cultuada nos Mistérios de Elêusis. A ela estava associada um deus-menino, Brimos. Muitos mitógrafos preferem analisá-la apenas como outro nome para Dêmêtêr ou Persephonê, mas a identificação mais comum é certamente com Hekatê.
Daeira é outra das muitas deusas de tradições locais nas quais podemos ver traços de Hécate. Conta-se que teria sido amada por Hermês, gerando Eleusis, o herói da cidade de mesmo nome.
Krataia ou Kratais é nome da deusa a quem Homero na Odisséia considerava como esposa do deus marinho Phorkys e mãe da monstruosa Skylla e provavelmente da ninfa Thoosa (mãe do cíclope Polyphêmos). Muitos vêem em Kratais outro sinônimo de Hekatê.
Arte: Fred Carvalho (2000), esboço, alterado no photoshop
Na genealogia de Hesíodo ela é a filha dos titãs de segunda geração Persês (filho de Kreios e Eurybia) e Asteria (filha de Koios e Phoibê). Hekatê, seria assim, prima-irmã dos gêmeos Apolo e Artêmis. Uma tradição local da Tessália a considera fruto da união de Zeus e Phêraia, que era filha de Aiolos, o epônimo dos eólios. Algumas versões paralelas a descrevem como filha de Zeus e Hera e mensageira dos deuses, o que parece identificá-la com Iris, enquanto outras consideram-na filha da Noite. A associação com tochas e sua função de mensageira remetem a uma comparação sugestiva com a deusa do sol Shapash, mencionada nas tabuletas de Ras Shamra como a mensageira do deus Ba'al na Mitologia Ugarítica (uma versão mais primitiva da religião fenícia). Shapash carrega tochas ardentes simbolizando seu papel de deusa solar, e a este grupo de deusas eu incluiria Hestia, deusa do fogo doméstico, irmã de Zeus, mas com um papel relativamente pequeno e secundário nos mitos gregos. Talvez Hestia, Hekate e Iris fossem três aspectos diferentes de uma mesma deusa original, que com o tempo acabaram virando personificações independentes.
Os hinos religiosos dos seguidores de Orpheus ressaltam seus aspectos benevolentes e protetores. No Hino Órfico no.1 ela é chamada pelo seu epíteto Prothyraia “a deusa das portas”, louvada como tutora das mulheres, velando pelos casamentos e nascimentos, e guardiã das crianças. Os orfistas a identificavam com Artemis e Eileithyia.
Hesíodo lhe consagra um hino, pois a família deste era devota da tripla deusa. No hino, a deusa é invocada como rainha do céu, da terra e do inferno. Aconselha o reis, acompanha as assembléias, traz a vitória aos guerreiros, traz fartura (mas também escassez, se insatisfeita) ao camponês, ao pastor e pescador, protege as crianças. A deusa tripla IE. Outros povos indo-europeus também veneravam uma deusa tripla com poderes difundidos pelas três funções da sociedade: Justiça/Magia, Guerra e Produção.
No episódio do rapto de Persephonê, Hekatê aparece como uma das companheiras e ajudantes de Dêmêtêr em sua busca. Graças à sua ajuda, Hekatê foi consagrada como ministra e companheira de Perséfone.
O decorrer do tempo acabou transformando-a em deusa das bruxas, andarilha errante dos trívios (encruzilhadas de três caminhos), acompanhada por um séquito de fantasmas e cães ululantes. Na sua forma monstruosa era representada com três cabeças animais, fosse de égua, cadela e porca ou de vaca, leoa e cadela. Carregava em suas mãos tochas ardentes, mas em suas estátuas triplas também víam-se espadas, chicotes e chaves.
Brimô, a rugidora noturna, era uma deusa de características lunares cultuada nos Mistérios de Elêusis. A ela estava associada um deus-menino, Brimos. Muitos mitógrafos preferem analisá-la apenas como outro nome para Dêmêtêr ou Persephonê, mas a identificação mais comum é certamente com Hekatê.
Daeira é outra das muitas deusas de tradições locais nas quais podemos ver traços de Hécate. Conta-se que teria sido amada por Hermês, gerando Eleusis, o herói da cidade de mesmo nome.
Krataia ou Kratais é nome da deusa a quem Homero na Odisséia considerava como esposa do deus marinho Phorkys e mãe da monstruosa Skylla e provavelmente da ninfa Thoosa (mãe do cíclope Polyphêmos). Muitos vêem em Kratais outro sinônimo de Hekatê.
Arte: Fred Carvalho (2000), esboço, alterado no photoshop
Gostaria de saber de onde você tirou que a família de Hesíodo cultuava Hekate e gostaria de saber se só por ver traços de Hekate em Daeira você a considera Hekate?
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