segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Evolução 77: Algeripithecus não era macaco?

As descobertas de fósseis mais completos da espécie de primata conhecida como Algeripithecus minutus permitiu uma revisão de sua classificação. Este animal, descoberto na Argélia em 1992, e datado do Eoceno Médio, há uns 40 milhões de anos, foi então classificado como a mais antiga forma conhecida de macaco (a infraordem Anthropoidea, parte da subordem Haplorhini, da ordem Primates), antecedendo as espécies conhecidas do Eoceno Superior egípcio (Aegyptopithecus, Parapithecus e Propliopithecus, dentre outras). Com a descoberta de uma série de primatas arcaicos no Sudeste Asiático eocênico, a polêmica sobre a origem dos símios aumentou, alguns cientistas vendo neles uma origem africana, e com outros preferindo ver nas formas africanas como uma ramificação a partir de um núcleo sul-asiático.
A revisão do Algeripithecus incoporou uma série de novos dados, que o fazem, junto com outra espécie contemporânea e conterrânea, o Azibius trerki, membros dos Strepsirhini, a subordem de primatas que inclui os lêmures de Madagascar, e seus parentes vivos mais próximos, os galagos africanos e os lórises asiáticos. Com isso, aumentaria a possibilidade de que os defensores da teoria "asiática" estejam certos, com os símios só aparecendo na África no final do Eoceno, a partir de uma imigração do sul da Ásia, por uma rota ainda não muito bem explicada, mas que é coerente com a distribuição eocênica de outros grupos de mamíferos, como os roedores histricomorfos (grupo ao qual pertence o porco-espinho) e os antracotérios (um grupo extinto de artiodátilos de hábitos semelhantes aos hipópotamos e que podem ser os seus ancestrais). Entretanto, ainda existe um fóssil africano mais antigo, o Altiatlasius do Paleoceno Superior marroquino, que é considerado como membro dos Anthropoidea segundo o cladograma abaixo, apresentado no referido artigo.

Tabuce R, Marivaux L, Lebrun R, Adaci M, Bensalah M, Fabre P-H, Fara E, Gomes-Rodrigues H, Hautier L, Jaeger J-J et al. 2009. Anthropoid vs. strepsirhine status of the African Eocene primates Algeripithecus and Azibius: craniodental evidence. Proceedings of the Royal Society of London. Published online before print September 9, 2009, doi:10.1098/rspb.2009.1339.


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