Ter um sobrenome não era necessário na antigüidade. Populações pequenas e esparsas, nenhuma escrita. Os nomes tinham significados plenamente reconhecíveis: "cavalo branco" (grego Leukippos) , "forte como urso" (inglês Bernhard), "segundo filho" (latim Secundus, Secundinus), etc. O que geralmente juntava-se ao nome era um patronímico, ou seja, um segundo nome que referia-se ao nome do pai. Algo do tipo "Ulisses filho de Laerte". Este padrão existe em todas as línguas da antiguidade, e sobrevive até mesmo em algumas línguas modernas:
- Magnus Eriksson (escandinavo) = Magnus filho de Erik
- Zeus Kronides (grego) = Zeus filho de Kronos
- Oleg Alexeievitch (russo) = Oleg filho de Alexei
- Taufik ibn Mussa (árabe) = Taufik filho de Mussa
- Arjuna Pandava (indiano) = Arjuna filho de Pandu
Outra de forma de distinguir-se a pessoa de um homônimo era usar uma alcunha, do tipo "o Gordo", "O Grande", "O Baixo", "O Branco", "O Coelho", "O Rato", "do Outeiro", "do Lago", etc.
Após a dissolução do Império Romano, a Península Ibérica foi ocupada pelos mouros. Estes povos islâmicos usavam patronímicos, do tipo Salim ibn Husain, Karim ibn Mussa, etc. Apesar da enorme influência árabe herdade pela língua portuguesa, tais nomes não deixaram vestígio nos nomes pessoais, com exceção do patronímico Viegas, que significa "filho de Egas", cuja forma denuncia uma origem árabe: ibn Egas > Ebenegas > Eveegas > Veegas > Viegas.
Os patronímicos mais comuns no português do início da Idade Média são aqueles com sufixo -es, dos quais boa parte chegou aos tempos modernos:
Rodrigues = filho de Rodrigo
Fernandes = filho de Fernando
Dias = filho de Diogo
Eanes/Enes/Anes = filho de João
Martins = filho de Martinho
Pires = filho de Pero (Pedro)
Gonçalves = filho de Gonçalo
Normalmente são vistos como de origem germânica, do tempo da ocupação visigoda: gótico Hrôthareiks (Rodrigo), genitivo Hrôthareikis ("de Rodrigo"), donde evoluíram para um latim vulgar Rodericus, sobrenome Roderiquis. Outro bom exemplo é Farthinanths (Fernando), genitivo Farthinanthiz (de Fernando), origem da dupla Fernando/Fernandes.
Outros no entanto, vêem estes sobrenome como de origem latina, de um sufixo genitivo -ici, *Ferdinandus, Ferdinandicus > Ferdinandici. Com certeza há alguns sobrenomes com a marca do genitivo puro latim, como Didacus (Diogo), genitivo Didaci (de Diogo, isto é, Diaz>Dias).
Qualquer que tenha sido sua origem, o fato é que na Idade Média estes patronímicos eram de uso comum em todas as classes sociais: Trastamiro Fernandes, Toda Ermiges, João Ramires, Fernando Martins, Chamoa Vasques são exemplos de nomes usados nesta época.
Como surgiram os sobrenomes que nós conhecemos atualmente?
(A Parte II continua em Genealogia 4)
sábado, 20 de outubro de 2007
Genealogia 3: Evolução dos sobrenomes portugueses (I)
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Um comentário:
I wish it was in english. Is there a way to get it to post in english?
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