quinta-feira, 25 de outubro de 2007
Um reclamezinho...
A Arte de Paula Dunguel
As primeiras histórias são "Tudo por um Amor Imortal", sobre a a histórias de Eros e Psiquê, e o primeiro capítulo mensal de "Tristão e Isolda".
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
Genealogia 9: Clementes
A curiosidade me fez procurar por casamentos desta gente, e acabei levantando as origens de alguns ramos com o dito sobrenome. Como os registros só iam até cerca de 1570 não pude achar a origem remota de todos os ramos, mas percebi que em alguns dos ramos chegavam a ancestrais de nome Clemente. Pensando um pouco sobre o assunto, cheguei à conclusão de que a origem era obviamente patronímica, e que não havia uma só família. Por volta do século XVI, muitos nascidos por lá tinham o prenome Clemente, e batizaram seus filhos com patronímicos: Um Clemente Gonçalves, por exemplo, teve uma filha Francisca Clemente. Com o tempo o patronímico "congelou" e virou sobrenome.
Mas... por que tantos Clementes nesta época.
A resposta é religiosa...
Clemente, do latim clemens, foi nome diversos papas, dos quais o primeiro virou santo, São Clemente. Quem seriam os papas da primeira metade do século XVI?
Pio III (1503), Júlio II (1503-1513), Leão X (1513-1521), Adriano VI (1522-1523), Clemente VI (1523-1534), Paulo III (1534-1549), Júlio III (1549-1555)
Isto mata a charada: durante o período 1523-1524 muitas crianças devem ter sido batizadas com o nome de Clemente. Depois, tiveram filhos de sobrenome Clemente, e aí a família começou...
Genealogia 8: o começo de uma família
Primeira Geração
1. Maria Antônio "A Rocha".
Maria casou-se com Sebastião Duarte.
+ 2 M i. Manuel da Rocha.
3 M ii. Sebastião da Rocha.
Sebastião casou-se com Susana Duarte, filha de André Soares e Maria Duarte, em 24 setembro 1642 em São Mamede, Valongo, Porto, Portugal.
Segunda Geração
2. Manuel da Rocha (Maria).
Manuel casou-se com Maria Francisco, filha de Baltazar Francisco [almocreve] e Maria Tomé, em 15 fevereiro 1635 em São Mamede, Valongo, Porto, Portugal.
Eles tiveram os seguintes filhos
4 F i. Justa da Rocha.
Justa casou-se com Domingos Álvares, filho de Domingos Álvares e Andresa Gonçalves Ribeiro, em 27 janeiro 1664 em São Mamede, Valongo, Porto, Portugal.
5 M ii. Manuel da Rocha.
Manuel casou-se com Benta Francisco, filha de Antônio Carneiro e Maria Ferreira, em 28 junho 1656 em São Mamede, Valongo, Porto, Portugal.
Genealogia 7: Em nome do pai
Digamos que um Mendo Afonso tivesse um filho Baltazar Mendes no século XV. Mendes significa filho de Mendo, ou seja, coerente para tal uso. Mas digamos que estes nomes acabassem sendo repetidos em descendentes: o filho do tal Baltazar poderia ser Mendo Afonso como o avô, e ter um filho Baltazar Mendes pelo mesmo costume, assim, estes pseudopatronímicos acabaram sendo perpetuados através do grupo familiar.
Mas em Valongo, ao que tudo indica, os patronímicos continuaram sendo usados, e posso dar muitos exemplos:
Domingas Baltazar filha de Baltazar Dias
Catarina Belchior filha de Belchior Fernandes
Gaspar Belchior filho de Belchior Martins
Catarina Benta, filha de Bento Fernandes
Maria Brás, filha de Brás Álvares
André Gonçalves, filho de Gonçalo Martins
Catarina Marcos (ou Marques), filha de Marcos Gonçalves
Evolução 1: o mistério dos micos e cutias navegantes
Para inaugurar
Na época dos dinossauros todos os continentes estavam reunidos numa grande massa continental, Pangéia. Com o tempo, forças geológicas começaram a dividir as massas de terra, e este supercontinente partiu-se em dois blocos. O bloco meridional, batizado pelos cientistas de Gondwanalândia ou Gondwana, incluía a América do Sul, África, Antártida, Austrália, Madagascar e Índia. Ganhou seu nome justamente em homenagem à região indiana de Gondwana. Há cerca de 110 milhões de anos atrás, a África e a América do Sul começaram a separar-se (olhe num mapa e veja como seus contornos parecem encaixar-se), e progressivamente, todos os outros continentes e subcontinentes componentes deste grupo acabaram por separar-se e atingir o seu aspecto e posição atual.
Durante o Período Terciário quase inteiro, isto é, de 63 até uns três milhões de anos, a América do Sul estava isolada da América do Norte. Durante o início deste vasto período, ainda teve uma comunicação terrestre com a Antártida, mas que acabou por desfazer-se. Os mamíferos já estavam na América do Sul, e devido ao isolamento evoluíram de forma inteiramente independente do resto do mundo. Existiam marsupiais, que no passado foram muito mais numerosos e diversificados: existiram grandes formas carnívoras, pequenos herbívoros saltadores e até mesmo marsupiais arborícolas que lembravam vagamente os primatas. Quanto aos mamíferos placentários, alguns grupos eram de mamíferos de casco, enquanto outros eram os ainda existentes desdentados (Edentata), grupo que hoje compreende os tatus, tamanduás e preguiças, e que no passados atingiram tamanhos gigantescos, na forma dos gliptodontes (parecidos com tatus do tamanho de carros) e megatérios (preguiças grandes como elefantes).
Por volta de 40 milhões de anos atrás, no final do período Eoceno, apareceram na América do Sul dois grupos de “recém-chegados”: os macacos platirrinos e os roedores caviomorfos.
Explicando melhor, os macacos platirrinos (Platyrhini, do grego platys “chato” e rhis “nariz”) são o grupo de primatas que inclui todas espécies de macacos do continente americano: saguis, micos, bugios, macacos-aranha, e micos-leões, dentre outros. Os roedores caviomorfos (Caviomorpha, do nome científico da cobaia, Cavia, e do grego morphos “forma”) incluem diversas espécies de roedores originários do nosso continente (ainda que daqui muitos tenham migrado para a América do Norte): pacas, cutias, capivaras, ouriços-caixeiros, ratões-do-banhado, chinchilas, viscachas, porquinhos-da-índia (cobaias), preás, mocós, pacaranas, tuco-tucos, e muito mais.
A história evolucionária de ambos os grupos ainda não é bem conhecida, mas em curiosamente todos os indícios parecem indicar para uma origem africana. Os fósseis mais antigos de caviomorfos e platirrinos são conhecidos de sítios paleontológicos ainda relativamente pouco explorados, na Bolívia, Peru, Argentina e Chile, e ainda há muito a se descobrir. Mas estes mamíferos sul-americanos do Oligoceno são incrivelmente semelhantes a roedores e primatas que viviam na mesma época do outro lado do Atlântico, no norte da África, onde acham-se muitos fósseis de macacos e roedores primitivos. Os platirrinos seriam descendentes dos catarrinos (Catarhini, do grego kata ”para baixo”, e rhis “nariz”), o grupo ao qual pertencem todos os macacos do Velho Mundo, incluindo nós, humanos arrogantes, enquanto que os caviomorfos ligam-se aos histricomorfos (Hystrichomorpha, do grego Hysthrix “porco-espinho”, e do grego morphos “forma”), grupo ao qual pertence o porco-espinho.
O grande mistério que ronda estes grupos resume-se à intrigante pergunta: COMO ESTES ANIMAIS ATRAVESSARAM O ATLÃNTICO?
O oceano naquela época era relativamente mais estreito, pois África e América do Sul ainda não ocupavam suas posições atuais (lembrem que elas tinham começado a se separar durante o Cretáceo). Normalmente a teoria mais aceita é que estes animais migraram como se fossem “saltadores-de-ilhas”, ou seja, acidentalmente teriam sido transportados por correntes oceânicas em troncos de árvores ou vegetação flutuante. Talvez uma forte tempestade tivesse derrubado uma árvore no mar, e assim um casal, ou até mesmo uma fêmea grávida tenha sido arrastada como um náufrago. Ou então, no meio do oceano existiriam arquipélagos no meio do caminho, o que teria facilitado a busca, como um ponto intermediário na longa viagem. Será que estas ilhas seriam uma espécie de “Atlântida” pré-histórica? Ou será que os animais foram transportados de alguma outra forma? Podemos até pensar humoristicamente num disco-voador pousando na África há quarenta milhões de anos atrás, e um grupo de alienígenas capturando um grupo de macaquinhos e pequenos roedores. Depois, eles decolam e vão até a América do Sul, onde acabam esquecendo os animaizinhos...
O fato é que o mistério ainda perdura. Vamos torcer para que novas descobertas lancem luz sobre o problema e forneçam novas pistas para a resolução deste mistério.