quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Evolução 107: O Carnaval Crocodiliano do Sahara


Há cerca de 100 milhões de anos, os parentes extintos dos atuais crocodilianos eram extremamente variados: conviviam carnívoros, insetívoros, onívoros, filtradores de plâncton; gigantes e anões; formas aquáticas e terrestres; nadadores e corredores. A total extensão do grupo não foi totalmente descoberta e explicada, mas um estudo dos paleontólogos Paul Sereno e Hans Larsson revelou uma série de novas descobertas, tanto ampliando o conhecimento sobre animais já conhecidos, como batizando e descrevendo diversas novas espécies. Os crocodilianos fósseis, datados do Cenomaniano (estrato mais antigo do Cretáceo Superior), foram achados em jazidas fossilíferas em Marrocos e Níger. Dentre as novas espécies, o "ratcroc" (crocodilo-rato), é uma nova espécie, Araripesuchus rattoides, pertencente a um gênero já conhecido no Brasil, Argentina, Madagascar e outros lugares da África. Um parente próximo, o Araripesuchus wegeneri, já era conhecido, e foi apelidado de "dogcroc" (crocodilo-cachorro), por ser um pequeno carnívoro corredor. Outra espécie impressionante era o "boarcroc" (crocodilo-javali), com presas enormes, Kaprosuchus saharicus (do grego kapros, "javali"), que integrava a família dos Mahajangasuquídeos (Mahajangasuchidae), junto como Mahajangasuchus, de Madagascar.
O bizarro "duckcroc" (crocodilo-pato), Anatosuchus minor, descoberto pelo mesmo Sereno em 2003, possuía um bico largo e achatado, e devia se alimentar de vermes e pequenos animais aquáticos de corpo mole, tendo sido achado na Formação Elrhaz, no Níger. As duas espécies Laganosuchus thaumastos, do Níger (Formação Echkar, Cenomaniano) e L. maghrebensis, do Marrocos (Formação Kem Kem, mesma idade), os "pancakecrocs" (crocodilos-panqueca), tinham grandes mandíbulas em arco, e eram aparentadas ao Stomatosuchus inermis do Egito, devendo caçar vertebrados aquáticos com suas enormes bocas de caçapa.

ZooKeys 28 (Special Issue)
Cretaceous Crocodyliforms from the Sahara
Paul C. Sereno, Hans C. E. Larsson

Nenhum comentário: