Traduzido do texto original em
http://www.bharatvani.org/books/ait/ch48.htm
O termo varn.a é entendido no sânscrito clássico como “cor”, assim explicado como uma referência às cores simbolicamente atribuídas às três “qualidades” cosmológicas (gun.a):o branco corresponde a sattva (claridade), o vermelho a rajas (energia) e o negro a tamas (escuridão), seguindo o padrão de dia claro, crepúsculo avermelhado e noite escura. Da mesma forma, às diferentes funções no espectro social são atribuídas uma cor equivalente: os subalternos (ta:masika) Shudras são simbolicamente “negros”, os heróicos (ra:jasika) Kshatriyas são “vermelhos”, e os amantes da verdade (sa:ttvika) Brahmans são “brancos”; além do mais, os empreendedores Vaishyas são considerados como tendo uma mistura de qualidades, e são aquinhoados com a cor amarela. Este sentido de “cor” não tem nada a ver com a cor da pele, como é evidente pelo mesmo deste código de cores entre os povos germânicos de raça branca.
Além disso, “cor” não parece nem ter sido o sentido védico original de varn.a. Hindus reformistas ávidos em desembaraçar a instituição do varn.a de qualquer doutrina de determinismo genético, derivam-na da raiz var-, “escolher” (como em svayamvara, “a própria escolha (por uma garota de seu marido)”), com a implicação de que o varn.a de cada um não é uma questão de nascimento, mas de escolha pessoal. Isto parece concordar com a interpretação de Stanley Insler, em sua clássica tradução do Gathas of Zarathustra, do termo corresponde em avéstico varana: como “preferência” (que outros tradutores às vezes preferem ler como “convicção”, “afiliação religiosa”). Mas nós acreditamos que o significado da raiz é ainda mais simples.
No R.g-Veda, a palavra varn.a geralmente (17 entre 22 vezes) refere-se to the “resplendor” (i.e. “a luz própria”, uma significado obviamente relacionado a “cor”) de deuses específicos: Usha:s (a Aurora), Agni (o Fogo), Soma, etc. E nos casos restantes, en 3:34:5 e 9:71:2 ele indica a cor resplandecente do céu da alvorada. Em 1:104:2 e 2:12:4, refere-se apenas a sufocar o varn.a dos Da:sas, - significando “o resplendor dos Dasas” (no primeiro caso, Ralph Griffith traduzi como “a fúria de Da:sa”). Finalmente, no hino erótico 4:179, verse 6, onde Agastya, ao fazer o necessário com sua esposa Lopamudra para obter sua descendência, é dito satisfazer “ambos varn.as”, o que pe entendido por alguns como referindo-se a ambas famílias do marido e da esposa, que rejubilam-se com a chegada de um neto. Visto que o hino menciona o conflito entre sexualidade e ascetismo outros interpretam como significando “ambos caminhos (mundano e de renúncia)”. De qualquer forma, não há como ler algo de fundo racista neste termo.
Todavia, como forma de argumentar, vamos assumir que algumas das referências acima a “cor” ou “negritude”sejam realmente sobre tribos vizinhas de pele escura. Isto não provaria necessariamente que os povos de pele mais clara fossem invasores. Na mesma latitude, e essencialmente com o mesmo clima, o povo da Mesopotâmia era predominantemente branco; a presença de brancos no noroeste da Ìndia pode ser explicado pelos mesmos fatores de sua presença na Mesopotâmia e não requerem necessariamente uma invasão. Nem provariam que os arianos védicos eram racistas: não há a menor suspeita de que na vasta literatura védica as tribos de “pele escura” eram tratadas como inimigas por causa de sua cor, nem que existisse uma doutrina de discriminação pela cor. Apenas é dito que esses “demônios” prejudicavam a adoração dos deuses, daí os arianos terem que defender sua cultura deles.
Quando lidos em seus contextos védicos específicos, os termos que nós discutimos não encaixam no cenário “Arianos brancos atacando Dasas negros”. A grande maioria dos conflitos descritos tanto nos Vedas como nos Puranas são entre diferentes tribos e reis dos Árias. Uma visão mais acurada dos antigos textos indianos não revela nada sobre imigração. De fato, mesmo que haja a menção entre uma guerra entre “brancos” e “negros”, isto não necessariamente prova que houve uma imigração.. Do Pashtunistão e Caxemira para o sul, a cor de pele muda rapidamente de quase branco para quase negro; para um observador racista, uma guerra entre duas tribos poderia facilmente se parecer com uma guerra entre “brancos” e “negros” mesmo que nenhuma tribo tivesse invadido o subcontinente indiano.
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