quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Evolução 120: Jintasaurus, mais um hadrossauriforme



Em uma das formações geológicas que constituem o chamado Grupo Xinminpu, situado na Bacia do Yujingzi, na Província de Gansu no noroeste da China, descobriu-se uma nova espécie de dinossauro hadrossauriforme, batizada de Jintasaurus meniscus. Datado do final do Cretáceo Inferior (Albiano?), os restos incluem a porção posterior de um crânio.A análise filogenética apresentada no artigo posiciona Jintasaurus como o grupo-irmão dos hadrossauróides (Hadrosauroidea), mais derivados que os outros hadrossauriformes do Cretáceo Inferior asiático e o Protohadros norte-americano. A descoberta de um hadrossauriforme mais próximo da origem dos hadrossauróides reforça a hipótese de uma origem asiática para o grupo.

You, H-L. & Li, D-Q. (2009) A new basal hadrosauriform dinosaur (Ornithischia: Iguanodontia) from the Early Cretaceous of northwestern China Can. J. Earth Sci. 46(12): 949–957

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Genealogia 462: uma conversão

Um registro interessante nos assentos batismais da freguesia de Santa Engrácia, de Lisboa:

Aos dezaseis dias do Mes de Julho de mil settecentos outenta e hum annos nesta Parochial de Sancta Engracia por decreto do Em.mo Snr Cardeal Patriarcha baptizei sub conditione, e pus os santos oleos solenem.te segundo a ordem Baptismi Adultorum na forma do Ritual Romano a Eugenia Maria do Monte Carmello, adulta de Nação Ingleza, q' antes se chamava Jana Smith, nascida na Cidade de Londres a seis de Março de mil settecentos secenta e dous annos, filha legitima de João Smith e de Magdalena Smith estando prez.te por seo Interpetre o P.e Jacobo Bernardo Reitor do Collegio dos Missionarios Inglezes q atestou ter a dita Catechumena abjurado na Missa do Santo Officio os erros que antes seguia: Padrinho o Ex.mo Correio Mor Joze An.to de Souza da Matta Coutinho; e Madrinha a Ex.ma DOna Joachina da Cam.a sua mulher

Genealogia 461: Óbito de minha ancestral Teresa Maria

Nos registros paroquiais digitalizados e disponíveis no site Etombo, na freguesia de Santa Engrácia, descobri finalmente o assento de óbito de minha ancestral Teresa Maria de Jesus, esposa de José Lopes e mãe do primeiro João Simões Lopes. O achado é importante porque confirma o falecimento dela em Santa Engrácia de Lisboa, e esclarece finalmente o nome "Paraíso" citado como local de batismo de João Simões Lopes em seu registro de casamento em São Francisco de Paula, em Pelotas.

Aos doze dias de junho de mil settecentos e outenta e tres annos no caminho abaixo da Penna desta freg.a falleceu com os Sacramentos Thereza Maria cazada com Jose Lopes e foi sepultada no corredor desta Parochial Ermida de Nossa Senhora do Paraizo
Prior Encom.do Fran.co Cardozo Mont.ro

domingo, 17 de janeiro de 2010

Evolução 119: De onde vieram os mamíferos paleocenos da América do Norte?

O que quer que tenha acontecido há cerca de 65 milhões de anos atrás, com o fim dos dinossauros e de outros grupos de vertebrados, tanto terrestres como marinhos, o período seguinte foi palco de uma grande diversificação dos mamíferos, que irradiaram em grande número de especializações e nichos ecológicos. Os sítios pesquisados no oeste da América do Norte, conhecidos desde o final do século XIX, ainda constituem a principal fonte do nosso conhecimento sobre os mamíferos do Paleoceno Inferior, estágio este chamado nos EUA de Puercano. A fauna identificada é constituída principalmente por animais de pequeno porte, a maioria do tamanho de ratos ou camundongos, os maiores se aproximando do porte de um cachorro. Dado o grande número de sítios pesquisados, é surpreendente que alguns dos grupos não tenham sido registrados no período anterior nos mesmo lugares - o final do Maastrichtiano, o último "andar" do Período Cretáceo.
De onde vieram eles?
Os gêneros de mamíferos que viveram no Puercano (de acordo com o que foi descoberto até a presente data - novas descobertas podem mudar o panorama totalmente) estão incluídos nos grupos Multituberculata, Peradectia, Pediomyidae, "Leptictida", Palaeoryctidae, Cimolestidae, Oxyclaenidae, Periptychidae, Hyopsodontidae, Mioclaenidae, Phenacodontidae, Triisodontidae, Taeniodonta, além de gêneros enigmático de difícil classificação como Batodon, Leptacodon, Purgatorius, Pandemonium, Ravenictis, a maioria classificado em grupos cujos parentes mais próximos seriam bem mais novos.
Dos grupos acima, os únicos com registros cretáceos expressivos são os multituberculados e os marsupiais (Peradectia e Pediomyidae), o que indica uma continuidade temporal e geográfica. Placentários muito primitivos como os "Leptictida", Palaeoryctidae e Cimolestidae, também incluem alguns membros esparsos no Mesozóico, mas com vestígios tão fragmentários que sua real taxonomia é fruto de inúmeros debates. A falta de continuidade apontaria para uma origem externa de boa parte da fauna puercana, mas emigrando de onde?
Se descontarmos o oeste norte-americano (basicamente Canadá e EUA), teríamos quatro regiões vizinhas como plausíveis centros migratórios: regiões ao sul (México e América Central), ao leste (Ásia) e oeste (América do Norte oriental e Europa, que podem ter tido alguma conexão).
Multituberculados e Marsupiais parecem ter sido presença constante, mas a existência dos multituberculados mais avançados requer a explicação de porque eles não atingiram a América do Sul, como os marsupiais conseguiram. Isto poderia indicar uma presença mais antiga dos marsupiais nos territórios mais ao sul, de onde conseguiram colonizar a América do Sul, enquanto os multituberculados talvez tenham chegado mais tarde. Dos outros grupos norte-americanos, apenas os "cimolestídeos" e "condilartros" (Periptychidae e Mioclaenidae) possuem formas relacionadas sul-americanas, o que reforçaria a hipótese de uma presença bem antiga na América Central. A América do Norte esteve dividida ao meio por braço de mar durante o final do Cretáceo, que retrocedeu no Paleoceno. Talvez os novos membros encontrados no Puercanos fossem recém-emigrados do lado leste do continente, com conexões possíveis com contemporâneos europeus. Infelizmente os registros no Paleoceno Inferior europeu ainda são muito pobres, restritos a poucas espécies achadas na Espanha.


EXEMPLOS DE FAUNAS PUERCANAS
1) Purgatory Hills, Montana, EUA
Neoplagiaulax nelsoni
Procerberus plutonis
Leptacodon proserpinae
Purgatorius unio
Pandemonium dis
Protungulatum sloani
Chriacus calenancus
Loxolophus priscus (=Thangorodrim thalion)
Tinuviel eurydice
Haplaletes andakupensis
Eoconodon nidhoggi

2) Bacia de San Juan, Novo México, EUA
Ptilodus tsosiensis
Kimbetohia campi
Neoplagiaulax macintyrei
Mimetodon krausei
Cernaysia davidi
cf. Cimolodon sp.
Liotomus vanvaleni (=Parectypodus vanvaleni)
Taeniolabis taoensis (=Polymastodon latimolis, P. attenuatus, P. selenodus, Taeniolabis sulcatus, T. triserialis, Catopsalis pollux))
Catopsalis foliatus
Eucosmodon americanus
Eucosmodon primus
Peradectes pusillus
Cimolestes simpsoni
Oxyclaenus cuspidatus
Oxyclaenus simplex (=Carcinodon filholianus)
Oxyclaenus antiquus
Loxolophus hyattianus (= L. adapinus, Protochriacus attenuatus, Mimotricentes mirielae)
Loxolophus priscus
Loxolophus pentacus (=Paradoxodonta ruetimeyerianus)
Loxolophus stenognathus
Loxolophus grangeri
Onychodectes tisonensis
Schochia sullivani
Wortmania otariidens
Loxolophus kimbetovius (= L. pentacus?)
Desmatoclaenus protogonioides
Desmatoclaenus dianae
Platymastus palantir
Mithrandir gillianus
Conacodon entoconus
Conacodon kohlbergi
Conacodon cophater
Oxyacodon apiculatus
Oxyacodon agapetillus (=Fimbrethil ambaronae)
Oxyacodon priscilla
Periptychus (Carsioptychus) coarctatus (= P. brabensis, P. matthewi)
Ectoconus ditrigonus
Hemithlaeus kowalevskianus
Escatepos campi
Bubogonia bombadili
Choeroclaenus turgidunculus
Valenia wilsoni
Tiznatzinia vanderhoofi
Bomburia prisca
Eoconodon coryphaeus (= Sarcothraustes bathygnathus, Triisodon biculminatus)
Eoconodon gaudrianus
Eococonodon ginibitohia

Como comparação, veja-se a fauna do estágio seguinte, o Torrejoniano, da mesma Bacia de San Juan:
Multituberculata
Ptilodus mediaevus

Neoplagiaulax macrotomeus
Parectypodus trovessartianus
Krauseia clemensi
Catopsalis fissidens
Eucosmodon molestus
Stygimys teilhardi

Prodiacodon puercensis
Coriphagus encinensis
Pentacodon inversus
Pentacodon occultus
Palaeoryctes puercensis
Acmeodon secans
Mixodectes pungens (=Olbodotes copei)
Mixodectes malaris
Plesiadapiformes
Palaechthon nacimienti
Palaechthon torrejonius
Torrejonia wilsoni
Anasazia williamsoni
Chriacus pelvidens
Chriacus baldwini
Prothryptacodon ambiguus
Deuterogonodon noletil
Mimotricentes subtrigonus
Arctocyon ferox
Arctocyon corrugatus
Colpoclaenus procyonides
Anisonchus sectorius
Haploconus angustus
Periptychus(Periptychus) carinidens
Litomylus dissentaneus
Mioclaenus turgidus
Ellipsodon inaequidens
Ellipsodon grangeri
Promioclaenus acolytus
Promioclaenus lemuroides
Protoselene opisthacus
Phenacodontidae
Tetraclaenodon puercensis
"Tetraclaenodon" minor
Mesonychia
Triisodon quivirensis
Triisodon crassicuspis
Goniacodon levisanus
Microclaenodon assurgens
Dissacus navajovius
Ankalagon saurognathus
Pantodonta

Pantolambda bathmodon
Pantolambda cavirictum
Ordem Incerta - Deltatheriidae
Deltatherium fundaminis (=Lipodectes penetrans)
Deltatherium dandreai
Taeniodonta
Conoryctes comma
Conoryctes pattersoni
Huerfanodon torrejonius
Psittacotherium multifragum
Carnivora
Protictis haydenianus
Protictis simpsoni
Protictis minor
Bryanictis paulus
Intyrictis vanvaleni
Palaenodonta
Escavadodon zygus