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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Evolução 159: Livyatan melvillei, a verdadeira baleia assassina

Batizado de Livyatan melvillei, o mais novo cetáceo fóssil batizado por paleontólogos viveu na costa peruana do Oceano Pacífico do Período Mioceno, há uns 12-13 milhões de anos atrás. Recebendo seu pomposo nome em homenagem ao monstro marinho bíblico, o Leviatã, e ao escritor Herman Melville, autor de Moby Dick, a fera era um terrível predador marinho com dentes de até 36 centímetros de comprimento, e apesar do que o nome sugere, não era anormalmente gigantesco, tendo uma comprimento estimado em cerca de 13 a 17,5 metros de comprimento, ou seja, ligeiramente menor que o cachalote, seu parente vivo mais próximo. O nome originalmente no proposto no artigo foi Leviathan, mas como este nome já está ocupado como sinônimo júnior do gênero Mammut, os mesmos autores, na Revista Nature de 26/8/2010, propuseram corrigir para Livyatan, remontando à forma hebraica mais antiga do nome, e não sua forma helenizada.

Lambert, Olivier, Giovanni Bianucci, Klaas Post, Christian de Muizon, Rodolfo Salas-Gismondi, Mario Urbina and Jelle Reumer. 2010. The giant bite of a new raptorial sperm whale from the Miocene epoch of Peru. Nature 466:105-108. doi:10.1038/nature09067

FAUNA DA FORMAÇÃO PISCO:
REPTILIA
Crocodiliformes
Piscogavialis jugaliperforatus
AVES
Odontopteryges
:: Pelagornithidae
:::: Pelagornis sp.
Suliformes
:: Sulidae
:::: Sula magna Stucchi, 2003
:::: Sula sulita Stucchi, 2003
:::: Morus peruvianus Stucchi, 2003
:::: Ramphastosula ramirezi Stucchi & Urbina, 2004
:: Phalacrocoracidae
:::: Phalacrocorax sp.
Procellariformes
:: Diomedeidae
:: Spheniscidae
:::: Spheniscus urbinai Stucchi, 2002
:::: Spheniscus muizoni Göhlich, 2007
:::: Spheniscus megaramphus Stucchi, Urbina & Giraldo, 2003
Accipitriformes
:: Vulturidae
::::Perugyps diazi
MAMMALIA
Xenarthra
Thalassocnus littoralis McDonald & Muizon, 2002
Thalassocnus carolomartini
Carnivora
:: Otariidae
:::: Hydrarctos lomasiensis Muizon, 1978
:: Phocidae
:::: Piscophoca pacifica Muizon, 1981
:::: Acrophoca longirostris Muizon, 1981
:::: Monachinae spp.

Cetacea
:: Cetotheriidae
:::: Piscobalaena nana Pilleri & Siber, 1989
:::: Piscocetus
:: Balaenopteridae
:::: Balaenoptera sp.
:: Hyperoodontidae
:::: Ninoziphius platyrostris Muizon, 1983
Physeteroidea
:::: Leviathan melvillei Lambert et alii, 2010
:: Phocoenidae Gray, 1825
:::: Piscolithax longirostris Muizon 1983
:: Delphinidae Gray, 1821
:::: Globicephalinae n. gen., n. sp.
:: Pontoporiidae
:::: Pliopontos littoralis Muizon, 1983
:::: Brachydelphis mazeasi
:: Odobenocetopsidae
:::: Odobenocetops peruvianus Muizon, 1993
:::: Odobenocetops leptodon

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Evolução 7: um ancestral da baleia?

Grupo acha ancestral terrestre de baleias

RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S.Paulo

Poderia um bicho do tamanho de uma raposa e parecido com um veadinho ser um parente próximo das baleias e golfinhos? Não só pode, como é a melhor hipótese até agora para explicar a evolução dos mamíferos marinhos, segundo um estudo de cientistas dos EUA e da Índia publicado hoje na revista científica "Nature".

Para o pesquisador Hans Thewissen, das Universidades do Nordeste de Ohio, EUA, o mamífero extinto que viveu há 50 milhões de anos, conhecido pelo nome científico Indohyus, seria uma espécie de "elo perdido" na evolução dos cetáceos, mamíferos marinhos como a baleia ou o golfinho.

Apesar de esses fósseis serem conhecidos há vários anos, a nova hipótese surgiu graças a um acidente: um técnico de laboratório quebrou o crânio de um Indohyus, na altura do ouvido. Ele mostrou o dano a Thewissen, que ficou intrigado com a espessura do osso, que lembrava o das baleias.

Ao reestudar o fóssil, descobriu que, além da estrutura do crânio, duas outras evidências indicavam que o animal passava boa parte do tempo na água --a espessura dos ossos das patas e sua composição físico-química.

"Os ossos são como os de animais terrestres, mas sua espessura é como a dos ossos de hipopótamos, que os ajudam a andar no fundo do rio", declarou Lisa Noelle Cooper, uma das autoras do estudo.

Água à vista

A vida no planeta surgiu no mar e depois passou à terra firme. Os mamíferos aquáticos fizeram o caminho de volta, mas o registro fóssil dessa fase de transição ainda tem falhas.

Thewissen e seus colegas descobriram várias espécies de baleias primitivas na década de 1990 e vêm estudando-as desde então. "Há 40 milhões de anos, as baleias eram semelhantes às de hoje", declarou ele em entrevista gravada e distribuída pela "Nature"; mas basta voltar outros cinco milhões de anos e os ancestrais das baleias passam a ser bem diferentes.

Um capítulo antes na história da evolução, esses animais eram semelhantes a crocodilos --tinham patas e viviam em mar raso. Thewissen descobrira o fóssil de uma dessas espécies, a Ambulocetus natans, e anunciado seu achado em 1994.

Outra descoberta da equipe também não lembra nem de longe uma baleia. O Pakicetus attacki, descrito em 2001, lembra uma mistura de porco com cachorro, mas os ossos indicam o parentesco com cetáceos. O fato de ele ser semelhante a um crocodilo e se alimentar de presas capturadas em água rasa aparentemente dava apoio à teoria mais comum sobre a transição da terra para a água. Achava-se que ancestrais das baleias seriam ungulados, animais com casco nas patas.

Estudos com DNA mostraram que, dos animais vivos, os mais próximos das baleias são os hipopótamos -que infelizmente são bem mais recentes na evolução e não revelam muito sobre a transição dos cetáceos para a água.

Os fósseis do Indohyus foram achados na Caxemira, região dividida entre Índia e Paquistão. Esses animais não eram bons nadadores, e seus dentes indicam que eles passavam bom tempo na água --uma hipótese é que, apesar de herbívoros, eles nadavam para escapar de predadores. Passando tanto tempo na água começaram a se alimentar ali também.

Mudança de dieta

"Nós propomos que a mudança de dieta foi o evento que definiu a origem dos cetáceos", escreveram os autores. "Os cetáceos se originaram de um ancestral como o Indohyus e mudaram sua dieta para uma de presas aquáticas", afirmaram.

A hipótese de que o Indohyus seja o "elo perdido" na evolução de baleias e golfinhos promete gerar polêmica --algo muito comum na paleontologia, área de pesquisa em que muitos trabalhos têm de ser baseados em pouca evidências. Por exemplo, Kenneth Rose, pesquisador da Universidade Johns Hopkins, afirma que as evidências de Thewissen e colegas ainda não são conclusivas.

Ele comentou também que um dos traços essenciais usados no estudo, a estrutura do osso do ouvido, é difícil de analisar e parece ser baseado em apenas um espécime.